O Pedro Nunes encontrou os sobreviventes do Clan Macwhirter

Salva-vidas do Clan MacWhirter avistado do Pedro Nunes <br /> <span style="font-size: x-small">(Foto: Colecção Augusto Alves Salgado)</span>

Salva-vidas do Clan MacWhirter avistado do Pedro Nunes
(Foto: Colecção Augusto Alves Salgado)

NRP Pedro Nunes
(Portugal)

Capitão: Capitão-de-Fragata Artur Paulo Correia Monteiro
Tipo: Aviso
Tonelagem: 1217 Tb
Proprietário: Marinha Portuguesa
Porto: Lisboa
Construção: Arsenal da Marinha, Lisboa (1935)

Na manhã de 31 de agosto de 1942, quando o aviso Pedro Nunes se preparava para zarpar do Funchal, foi recebida na capitânia local o pedido de socorro de um vapor que se encontraria 40 milhas a norte da Ponta do Pargo, na Madeira. O rádio tinha sido captado pelo vapor português Congo que o retransmitiu às autoridades portuguesas.

O Pedro Nunes saiu de imediato e pelas 15.15 horas foi avistada uma baleeira com 30 náufragos que referiram a existência de mais dois salva-vidas. Esta baleeira tinha lançado o SOS captado pelos portugueses através de um rádio de emergência portátil.

As buscas dos portugueses continuaram e pelas 23.50 horas foi avistada nova baleeira quando um dos projectores do navio incidiu acidentalmente sobre ela, pois não foi lançado qualquer foguete ou feitos sinais luminosos. Apenas uma luz no mastro, que do navio se confundia com as estrelas, assinalava a presença de mais 14 homens.

O navio continuou as buscas, mas pelas 17.40 horas do dia seguinte reentrava no Funchal para deixar o primeiro grupo de náufragos do britânico Clan MacWhirter, dando especial atenção a um indivíduo de origem indiana ferido com gravidade por estilhaços. Os dois salva-vidas foram entregues na capitânia.

O Pedro Nunes voltou a sair pelas dez e meia da noite, mas nada avistaram até ao meio dia seguinte, quando receberam um rádio do Funchal dando conta que fora avistada uma pequena embarcação com uma vela vermelha ao largo da Ponta de São Jorge. Sobre as 15 horas viram-na, já sem vela e com os tripulantes tentando - a remos - encontrar um local para arribar. Vinte minutos depois entravam a bordo do aviso português mais 31 náufragos. Este último salva-vidas foi levado para Lisboa e seria oferecido pelos armadores do Clan MacWhirter ao Instituto Português de Socorros a Náufragos. 

No princípio de outubro os náufragos desembarcaram na capital portuguesa. Os britânicos seguiram de navio para Gibraltar enquanto o segundo oficial e o engenheiro-chefe foram repatriados num avião saído de Lisboa para Bristol, no Reino Unido. Os cinquenta tripulantes indianos seguiram no paquete português Mouzinho para o Índico.

Com problemas nas máquinas o Clan MacWhirter não conseguiu acompanhar o comboio SL.119, e estava sozinho quando às 01.00 horas do dia 27 de agosto foi atingido por dois torpedos disparados pelo U-156. O navio afundou-se em cerca de 10 minutos. Doze homens morreram, entre eles o capitão.

Carlos Guerreiro




Clan Macwhirter
(GB)

Capitão: Roderick Sutherland Masters
Tipo: Vapor mercante
Tonelagem: 5,941 Tb  Gt
Proprietário: The Clan Line Steamers Ltd

Porto: Glasgow
Construção: Lloyd Royal Belge Ltd, Whiteinch, Glasgow (1918)

Fontes:

National Archives UK, Kew (GB)  §  Arquivo Histórico da Marinha (PT)  §  Arquivo Histórico do MNE (PT)  §. uboat.net  §  Shipping Company Losses of the second World War, Ian M. Malcolm  §  Lista dos Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945  § Augusto Alves Salgado  §  Jornal "O Século"  §