O barco de pesca de cerco Duas Gémeas entrou no porto de Setúbal, pelas 10 da manhã do dia 19 de setembro de 1942, trazendo a bordo 27 náufragos do HMT Alouette, um arrastão adaptado ao serviço anti-submarino na Royal Navy, afundado na madrugada pelo U-552. 

Do navio português tinham sido avistados foguetes de sinalização que estavam a ser disparados pelos ocupantes de uma baleeira e uma jangada às primeiras horas da manhã. Aos ingleses foi emprestada roupa e oferecida comida, vinho e tabaco.

Sete homens foram conduzidos ao Hospital da Misericórdia de Setúbal. Dois ficaram internados e cinco, em condições de serem transportados, foram transferidos na mesma tarde para o Hospital Inglês de Lisboa.

Os restantes, depois de passarem a noite em hotéis e pensões, seguiram também, em roupas civis, para a capital portuguesa, primeiro numa viatura e depois no vapor Estremadura que assegurava a carreira regular através do Tejo. Desembarcaram na ponte da estação de sul e sueste pelas 18.30 horas. 

À capital portuguesa tinham já chegado um oficial e dois marinheiros, encontrados sobre uma jangada a cerca de cinco milhas de terra pelo vapor de pesca Ilha Graciosa que aportou ao cais frigorífico pelas 23 horas. Também neste caso os náufragos tinham avistado as luzes do português e disparado foguetes de sinalização para chamar a atenção.

As autoridades britânicas tornariam públicos os agradecimentos aos pescadores e à empresa do Duas Gémeas - Chagas Salgado & Cª - foram ainda oferecidas a baleeira e a jangada. 

O HMT Alouette foi atingido por um torpedo disparado pelo U-552 às 03.01 horas do dia 19 de setembro de 1942. A proa separou-se e afundou, mas o resto do navio continuou a flutuar obrigando o submarino a disparar outro torpedo que causou uma grande explosão e a arrastou para o fundo. Os sobreviventes escaparam numa baleeira e duas jangadas. Morreram 14 tripulantes.

Carlos Guerreiro