O João Corte Real encontrou sobreviventes do Gandia

Os náufragos do Gandia

Os náufragos do Gandia
(Foto: Revista "Mundo Gráfico")

João Corte Real
(Portugal)

Capitão: Manuel da Bela
Tipo: Arrastão de Bacalhau
Tonelagem: 12590.15
Proprietário: Sociedade Nacional de Armadores de Bacalhau, Sarl.

Porto: Lisboa
Construção: Estaleiros da CUF (1941)

Na tarde do dia 17 de fevereiro de 1942 o arrastão de pesca João Corte Real encontrou, 100 milhas a leste de São João da Terra Nova, quatro náufragos do Gandia, um cargueiro belga afundado no dia 22 de janeiro pelo U-135. Eram os últimos sobreviventes de um grupo de 28 que tinham conseguido entrar para aquele salva-vidas e estavam nus, gelados e famintos. Os 19 tripulantes do navio português tiveram dificuldade em metê-los a bordo, vesti-los e tratá-los.

O João Corte Real entrou em Lisboa na tarde de 25 de fevereiro e todos os náufragos, entregues ao cuidado do cônsul belga, foram hospitalizados. Mais tarde realizou-se uma cerimónia no “British Seaman’s Club”, que contou com a presença dos náufragos, representantes diplomáticos belgas e britânicos e tripulantes do navio português. Estes últimos que receberam cada um, e como agradecimento, uma cigarreira de prata. 

O Gandia, com 79 tripulantes sob comando do capitão Potié, partiu de Liverpool no dia 12 de janeiro de 1942, com 500 toneladas de carga num comboio com destino a St. John, no Canada. Uma tempestade dispersou os navios deixando vários isolados, entre eles o Gandia. No dia 22 pelas 17.25 horas, foi torpedeado pelo U-135. Apenas dois dos quatro salva-vidas foram arriados com sucesso. Dos outros um chocou repetidamente contra o casco e atirou os ocupantes ao mar e o segundo foi arrastado com o navio. Perderam-se trinta homens.

Cerimónia de agradecimento das autoridades Belgas à tripulação do João Corte Real

Cerimónia de agradecimento das autoridades Belgas à tripulação do João Corte Real
(Foto: Revista "Mundo Gráfico")

Depois de recolherem os que ficaram na água uma baleeira, com 21 homens, ficou entregue ao capitão Potié  e outra, com 28, ao imediato Hubert. Mantiveram-se juntos durante parte da noite, mas de madrugada já não se avistavam. 

Na embarcação de Potié, morreram 11 náufragos, entre eles o capitão, antes de serem encontrados pelo contratorpedeiro americano USS Bernadou, 14 dias depois. Na do imediato Hubert morrem 24 dos 28 ocupantes antes de serem recolhidos pelos portugueses depois de mais de três semanas no mar.

Carlos Guerreiro

Gandia
(Bélgica)

Capitão: Maurice Potié
Tipo: Vapor Mercante
Tonelagem: 9.,626
Proprietário: Compagnie Maritime Belge
Porto: Antuérpia
Construção: Swan, Hunter & Wigham Richardson Ltd (1907)




Fontes:

National Archives UK, Kew (GB)  §  Arquivo Histórico da Marinha (PT)  §   uboat.net  §  Lista dos Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945 § Diário de Lisboa  §  Diário de Notícias  § Portal Museu Marítimo de Ílhavo