O “Gronelândia” recolheu náufragos do “Trinidad”

Gronelândia
(Portugal)

Capitão: João Fernandes Matias
Tipo: Lugre Bacalhoeiro
Tonelagem: 441 
Proprietário: Armazéns José Luíz da Costa & Comp. 

Porto: Lisboa
Construção:  Portugal, 1922
Acontecimento: Recolheu cinco náufragos do navio panamiano "Trinidad" no dia 25 de Setembro de 1941.

Ao porto de Leixões chegaram no dia 27 de Setembro de 1941 o lugre bacalhoeiro português “Groenlândia” e a traineira espanhola “Moderno Agujas”, trazendo cada um deles cinco náufragos do navio panamiano “Trinidad” recolhidos em dias diferentes e a centenas de milhas uns dos outros.

O “Gronelândia”, sob comando do João Fernandes Matias, regressava dos bancos de pesca da Terra Nova quando, pelas 13 horas do dia 25, encontrou e recolheu cinco náufragos - de cinco nacionalidades distintas - que pertenciam ao “Trinidad”, afundado no dia 5 de Setembro por um submarino alemão. A baleeira foi encontrada a cerca de 210 milhas do porto de Leixões.

O “Moderno Agujas” por seu lado recolheu os seus náufragos a cerca de 30 milhas do cabo Mondego, no dia 26, e entre estes encontrava-se o capitão Lambarto Basnote, do “Trinidad”, que se encontrava ferido, razão para que o mestre da traineira, Juan Mirande, procurasse o porto de Leixões, o mais próximo de onde se encontrava.

Entre os náufragos encontravam-se indivíduos de seis nacionalidades diferentes, dos quais cinco eram espanhóis. Semanas depois a Embaixada Inglesa enviou uma nota pedindo às autoridades portuguesas para que estes não correspondessem a um pedido espanhol que solicitava a entrega destes tripulantes. Tratavam-se possivelmente de homens que tinham lutado ao lado dos republicanos durante a guerra civil que terminara dois anos antes com a vitória dos nacionalistas e que agora pretenderiam prendê-los. Não foi possível encontrar a resposta das autoridades nacionais.

 

O afundamento do “Trinidad”

Pelas 23.50 do dia 5 de Setembro de 1941 o U-95 fez sinal ao “Trinidad”, 360 milhas a noroeste do cabo Finisterre, para que este parasse as máquinas e se sujeitasse a uma inspecção de contrabando. Alguns minutos depois e perante a aparente falta de resposta do navio o comandante do submarino realizou alguns disparos sobre a ponte, altura em que o panamiano arreou um escaler transportando o capitão e a respectiva documentação.

Os alemães depressa perceberam que existia carga com origem em Inglaterra o que levou à condenação do navio. Aos tripulantes foram dados 20 minutos para o abandonar e depois os alemães dispararam um total de 37 obuses para o afundar, enquanto os náufragos se afastavam em duas baleeiras.

Trinidad
(Panamá)

Capitão: Lambarto Basnote
Tipo: Mercante a motor
Tonelagem: 434
Proprietário: Naviera Ortu-Zara SA

Porto: Panama
Construção: Holanda, 1939
Destino: Afundado pelo U-95 no dia 5 de Setembro de 1941. Todos os 10 tripulantes sobreviveram.




Fontes:

  • Archives/Arquivos: National Archives UK, Kew (GB); Arquivo Histórico do MNE (PT); 
  • Sites: uboat.net; 
  • Books & Publications/ Livros & Publicações : Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945;