O “Serpa Pinto” recolheu sobreviventes do grego “Antonios Chandris”

fotografia do navio Serpa Pinto

O "Serpa Pinto" com a pintura que utilizou durante a guerra
(Foto: Postal da época)

Serpa Pinto
(Portugal)

Capitão: Américo Santos
Tipo: Vapor Longo Curso
Tonelagem: 8266 Tb
Proprietário: Companhia Nacional de Navegação

Porto: Lisboa
Construção: Belfast, 1915




Os náufragos foram avistados e recolhidos pelo Serpa Pinto, da Companhia Colonial e Navegação (CCN), no dia 8 de Outubro de 1940, 30 dias depois do seu navio, o Antonios Chandris, ter sido afundado pelo cruzador auxiliar alemão “Widder”.

O paquete português encontrava-se em viagem de Lisboa para o Rio de Janeiro, no Brasil, quando pelas 13 horas, perto de Cabo Verde, os oficiais do Serpa Pinto avistaram foguetes de localização que estavam a ser disparados pelos ocupantes da baleeira.

Segundo a imprensa portuguesa da época após tantos dias no mar os tripulantes do “Antonios Chandris” tinham poucas esperanças de serem recolhidos, e alguns haviam até deixado mensagens escritas nas madeiras do salva-vidas na esperança de que pelo menos estas pudessem ser recolhidas posteriormente dando a conhecer o seu destino.

Alguns náufragos estavam tão débeis que tiveram de ser carregados pelas escadas quebra-costas que o navio lançou para os recolher.

O paquete aportou ao Rio de Janeiro, mas o 22 tripulantes não ficaram no Brasil e preferiram regressar à Europa na viagem de retorno e na manhã do dia 3 de novembro de 1940 entraram no Tejo, onde tinham à espera o presidente do conselho de administração da CCN, Bernardino Correia, e também elementos do consulado-geral da Grécia.

Os seis oficiais e 16 marinheiros agradeceram publicamente ao capitão Américo Santos o facto de lhes terem salvo a vida, tirando ainda várias fotos que foram publicados em diversos jornais que, aliás, deram algum destaque ao tema.

 

O afundamento do “Antonio Chandris”

Disfarçado de navio mercante o “Widder” não tinha um aspeto ameaçador, razão porque escapava a um olhar menos atento dos vasos de guerra inimigos e conseguia enganar as unidades civis.

Foi isto que aconteceu ao “Antonios Chandris” ao fim do dia 3 de outubro de 1940. Os navios cruzaram-se sem que o capitão grego, George Gafos, suspeitasse que tinha pela frente um inimigo que o parou sob ameaça dos canhões. Não foi disparado um único tiro.

O capitão Helmuth von Ruckteschell enviou um grupo de abordagem à unidade grega com ordens para colocar explosivos no casco, de modo a afundá-lo. Com mais de 140 prisioneiros a bordo, oriundos de outros nove navios que afundara desde junho, o oficial alemão forneceu alimentos e água, preferindo que os tripulantes passassem para uma baleeira, deixando-os à deriva. Seriam recolhidos um mês depois pelos Serpa Pinto.

Este seria aliás a última presa do “Widder” que regressaria à Alemanha para reparações.

Antonios Chandris
(Grécia)

Capitão: George Gafos
Tipo: Mercante de carga
Tonelagem: 5867 Tb
Proprietário: Chandris Lines

Porto:
Construção: Japão, 1918




Fontes:

  • Arquivos: Arquivos Nacionais Torre do Tombo (PT); National Archives UK, Kew (GB); Arquivo Histórico da Marinha (PT); 
  • Sites: wreksite.eu; greekshippingmiracle.org; wikipedia.org
  • Livros & Publicações: All Brave Sailors: The Sinking of the Anglo-Saxon, August 21, 1940 - J. Revell Carr - July 27, 2007 - Simon & Schuster; Diário de Lisboa; Lista dos Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945;