O “Mirandella” encontrou os náufragos do “Queen Maud”

Fotografia do Mirandella

O "Mirandella"
(Fotografia: Blogue Navios e Navegadores)

Mirandella
(Portugal)

Capitão: J. Oliveira
Tipo: Vapor de Longo Curso
Tonelagem: 5179 Tb
Proprietário: Sociedade Geral de Comércio Indústria e Transportes Lda.

Porto: Lisboa
Construção: Alemanha, 1906

O Mirandella encontrou uma baleeira com 22 náufragos, no dia 07 de Maio de 1941 pelas 07.30 horas, a cerca de 200 milhas do local onde o navio – o “Queen Maud” - tinha sido torpedeado.

Quando o comandante Oliveira quis acolher os homens a bordo, o oficial que comandava a baleeira recusou-se a ser recolhido porque pretendia seguir para Freetown. Os restantes tripulantes também insistiram nesta questão.

Os responsáveis pelas comunicações do “Mirandella” enviaram diversos rádios para alertar algum navio britânico que se encontrasse nas proximidades e não demorou muito a receberem a resposta de um patrulha inglês que não estava muito longe. O navio português foi ainda informado que próxima estaria uma outra baleeira, transportando o comandante e outros membros da tripulação.

Pelas 9 horas o navio português continuou viagem depois de ter fornecido água e mantimentos que os náufragos necessitavam, para além de lhes dar a posição verdadeira e o rumo para Freetown.

Às 9.40 horas avistou-se do “Mirandella” um cruzador ligeiro britânico que lhes pediu a posição da baleeira que se encontraria então a cerca de seis milhas pela popa. Tratava-se do “HMS Dragon” que, alertado pelo rádio português, viria a recolher as duas baleeiras do navio.

 

O afundamento do “Queen Maud”

O “Queen Maud” partiu de Milford Haven, no País de Gales, no dia 11 de Abril de 1941 inserido num comboio que seguia para sul, e no dia 19 abandonou os restantes navios para seguir de modo independente para Freetown, na Serra Leoa. Carregava mantimentos militares e mais de sete toneladas de carvão.

No dia 5 de Maio, às 08.03 horas, quando se encontravam cerca de 300 milhas a Oeste do porto de chegada, foram atingidos por um torpedo que explodiu no interior do casco a bombordo perto da ponte. Ainda alguns tripulantes não tinham percebido o que havia acontecido e já outro torpedo explodia noutro ponto do navio.

Não se viu qualquer explosão, fogacho ou coluna de água, apenas se sentiu o efeito da arma e uma enorme nuvem de carvão tomou conta do navio que se afundava rapidamente.

Os tripulantes dividiram-se por duas baleeiras e uma jangada. Esta última, com cinco homens, foi apanhada pelo colapso da superestrutura do navio quando um terceiro torpedo atingiu o “Queen Maud”, mas, quase por milagre, sobreviveram não só à queda das estruturas como também à sucção causada pelo afundamento, acabando por ser recolhidos por uma das baleeiras.

Os náufragos decidiram tentar chegar a Freetown, apesar da Guiné francesa se encontrar mais próxima. Foi durante esse percurso que encontraram o “Mirandella” e que este alertou os navios de guerra britânicos para a presença dos náufragos, que chegaram ao porto da Serra Leoa no dia 8 de Maio.

O submarino que realizou o ataque que causou um morto entre os 44 tripulantes foi o U-38 comandado pelo capitão Heinrich Liebe.

Queen Maud
(GB)

Capitão:  Robert John McDonald
Tipo: Mercante a motor
Tonelagem: 4976 Tb
Proprietário: T. Dunlop & Sons, Glasgow

Porto: Glasgow
Construção: UK, 1936




Fontes:

  • Arquivos: Arquivos Nacionais Torre do Tombo (PT); National Archives UK, Kew (GB); Arquivo Histórico da Marinha (PT); Arquivo Histórico do MNE (PT); Hemeroteca de Lisboa (PT); Nara - National Archives and Records Administration (USA);
  • Sites: uboat.net; 
  • Livros & Publicações : Shipping Company Losses of the second World War, Ian M. Malcolm; Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945;