“Angola” recolheu sobreviventes do “Wray Castle”

fotografia do navio Angola

O Angola que salvou os tripulantes do Wray Castle
(Postal, autor desconhecido)

Angola
(Portugal)

Capitão: Nazareth Cardoso
Tipo: Vapor Misto
Tonelagem: 7884 Tb
Proprietário: Companhia Nacional de Navegação 

Porto: Lisboa
Construção: Bélgica, 1912

O paquete Angola viajava entre São Vicente de Cabo Verde e São Tomé, numa das viagens às colónias africanas, quando às 01.15 da madrugada do dia 4 de Maio de 1941, membros da tripulação avistaram à distância, repetidas vezes luzes vermelhas e uma luz branca que os fez mudar de rumo.

Quinze minutos depois pararam as máquinas depois de avistarem baleeiras que tinham a bordo 43 náufragos do cargueiro britânico Wray Castle, afundado horas antes (20.45 horas) pelo U-103.

O capitão Nazareth Cardoso interrogou o capitão Dobeson sobre a possibilidade de existirem outros náufragos, mas este último informou-o que toda a tripulação do Wray Castle se encontrava naqueles salva-vidas, faltando apenas um fogueiro árabe que tinha desaparecido quando o navio se afundou.

O navio português retomou a marcha em direcção a São Tomé. Curiosamente seguia a bordo do “Angola” o  Governador designado por Lisboa para aquela Ilha, Amadeu Gomes de Figueiredo, que rapidamente estabeleceu contacto com os náufragos tratando de tudo para que estes recebessem o necessário quando aportaram no dia 7 de Maio.

No dia 8 de Maio os náufragos voltaram a embarcar, mas agora no paquete Lourenço Marques que os levou até Freetown onde chegaram no dia 14 do mesmo mês. O tratamento que receberam tanto de Nazareth Cardoso como de Amadeu Gomes de Figueiredo levou o comandante britânico a pedir que ambos fossem alvo de “agradecimentos oficiais” por parte das autoridades britânicas.

 

O afundamento do Wray Castle

O Wray Castle tinha partido de sozinho de Capetown com o objetivo de entregar 6,9 toneladas de açúcar em Freetown. A ausênsia de notícias sobre a presença de u-boat’s no Atlântico Sul nos dias que antecederam a partida tinham dado confiança suficiente ao comandante Dobeson para fazer a viagem.

No dia 3 de Maio o navio foi atingido por dois torpedos que causaram pesados danos ao casco e à superstrutura. Apesar da destruição o oficial de comunicações ficou no seu posto tentando reparar um sistema rádio de recurso com o objetivo de pedir socorro, mas não o conseguiu em tempo útil, tendo sido arrastado pelo comandante para fora do seu posto. Uma das baleeiras também estava equipada com um pequeno retransmissor que foi utilizado para emitir vários pedidos de socorro que não obtiveram, no entanto, quaisquer resultados e até mesmo o “Angola” que se encontrava mais próximo não recebeu qualquer informação.

O paquete português foi avistado à distância devido ao facto de se encontrar completamente iluminado, razão porque foram lançados vários foguetes vermelhos avistados pela tripulação portuguesa.

Carlos Guerreiro

Wray Castle
(GB)

Capitão: Gerald Dobeson
Tipo: Vapor Mercante
Tonelagem: 4253 TB
Proprietário: James Chambers & Co Ltd

Porto: Liverpool
Construção: Glasgow, 1938




Fontes:

  • Arquivos: Arquivos Nacionais Torre do Tombo (PT); National Archives UK, Kew (GB); Arquivo Histórico da Marinha (PT); Arquivo Histórico do MNE (PT);  
  • Sites: uboat.net; 
  • Livros & Publicações: Shipping Company Losses of the second World War, Ian M. Malcolm; Lista dos Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945;