O “Maria Terceiro” recolheu tripulantes do “Empire Warrior”

Maria Terceiro
(Portugal)

Capitão:
Tipo: Embarcação de pesca
Tonelagem:
Proprietário:

Porto: Vila Real de Santo António
Construção:



Na manhã do dia 19 de Junho de 1941 a tripulação do barco de cerco “Maria Terceiro” estava de regresso ao porto de Vila Real de Santo António quando, a cerca de quatro milhas da costa, se apercebeu que o navio britânico “Empire Warrior” estava a afundar-se depois de ter sido bombardeado por aviões alemães. Os 25 homens que constituíam a tripulação estavam a colocar na água duas baleeiras para tentar chegar a terra.

O capitão inglês, H. E. Maber, tentou convencer o mestre da traineira a rebocar o navio até ao porto, mas este último recusou e, segundo o depoimento de alguns britânicos, isso ficou a dever-se ao facto dos proprietários serem italianos, uma comunidade fortemente implantada no sul do país no sector das pescas e na indústria conserveira. Outro testemunho, no enanto, refere que a dimensão do “Empire Warrior” tornava o reboque impossível por parte do barco de pesca.

Os portugueses mostraram-se, no entanto, disponíveis para rebocar as baleeiras até Vila Real de Santo António o que Maber aceitou acreditando que o seu navio levaria algum tempo a afundar-se e que teria tempo para voltar e salvá-lo, até porque costumava estar no porto um rebocador que poderia ajudar nessa operação.

Chegado à vila foi-lhe dito que o rebocador estava em Lisboa e não podia dar qualquer tipo de assistência. O capitão inglês tentou ainda que uma draga saísse para fazer o reboque, mas quando esta finalmente estava preparada para sair chegaram notícias de que o navio já se estava a afundar.

Pouco depois do ataque tinha chegado às imediações do porto o aviso Afonso de Albuquerque que se dirigiu para o “Empire Warrior” que já se encontrava vazio. Um oficial português foi enviado a bordo, mas o comandante considerou que o navio já se encontrava muito adornado para poder ser rebocado em segurança.

 

O afundamento do “Empire Warrior”

O “Empire Warrior” tinha partido de Belfast, na Irlanda, no dia 1 de Junho com destino ao Pomarão, no Alentejo, carregando 1400 toneladas de hulha e 64 toneladas de carga geral. Estava integrado no comboio OG-64 (destinado a Gibraltar), separando-se dos restantes navios no dia 18, navegando sozinho até próximo do rio Guadiana onde ancorou para passar a noite na madrugada do dia seguinte.

Pouco depois das cinco da manhã a tripulação começou a preparar o navio para zarpar e subir o Guadiana até ao Pomarão, quando avistaram três aviões que, pensaram, seriam portugueses ou espanhóis, até que estes picaram sobre embarcação que já se começara a movimentar em direcção ao rio.

Os aparelhos picaram em fila e metralharam e bombardearam o navio. As balas embateram em vários pontos da coberta, mas não atingiram ninguém, já as bombas – um total de três em duas passagens distintas - falharam o casco mas rebentaram perto abrindo as costuras entre algumas placas de aço que permitiram a entrada de água. Várias tubagens da casa de máquinas e do sistema de vapor também rebentaram, imobilizando o navio.

Duas baleeiras foram lançadas à água na altura em que surgiu o barco de pesca português que as rebocou até terra, onde tentaram encontrar quem salvasse o navio, que se afundou por volta das 09.10 horas da manhã.

Apenas um dos tripulantes sofreu ferimentos ligeiros.

Pelo menos um dos três Condor’s alemães terá sido atingido por disparos do navio durante um dos ataques.

Carlos Guerreiro

"Empire Warrior"
(GB)

Capitão: H. E. Maber
Tipo: Vapor mercante
Tonelagem: 1306 Tb
Proprietário: Ministry of War Transport 

Porto: Londres
Construção: Hamburgo, Alemanha, 1921




Fontes:

  • Arquivos: Arquivos Nacionais Torre do Tombo (PT); National Archives UK, Kew (GB); Arquivo Histórico da Marinha (PT); Arquivo Histórico do MNE (PT); 
  • Sites: wreksite.eu; wikipedia.org
  • Livros & Publicações : Shipping Company Losses of the second World War, Ian M. Malcolm; Navios da Marinha Portuguesa, datas 1939 a 1945;