Florência da Silva era tripulante do navio grego Stamatios G. Embiricos que foi interceptado pelo cruzador corsário alemão Kormoran a 24 de setembro de 1941 perto da Índia. A tripulação foi aprisionada e o navio afundado com recurso a explosivos colocados no casco.

Em outubro ou novembro o Kormoran transferiu 86 prisioneiros para o Spreewald, um navio fura-bloqueios apanhado na China no início da guerra. Recuperado em estaleiros japoneses dirigia-se no final de 1941 para a Alemanha carregando borracha, estanho, tungsténio e quinino. 

É muito provável que Florêncio da Silva tenha feito parte deste grupo de prisioneiros, mas a chegada à Europa foi complicada. O Spreewald, - disfarçado como o cargueiro norueguês Elk -, deveria encontrar-se com um U-boat para assegurar a escolta na fase final da viagem, mas antes desse encontro foi torpedeado pelo U-333 que o confundiu com um cargueiro britânico.

Apercebendo-se do erro tanto o U-333 como outros submarinos e a Luftwaffe envolveram-se na busca de sobreviventes. Morreram 72 pessoas, mas foram encontrados 25 tripulantes e 55 prisioneiros. 

Não foi possível perceber se Florêncio fazia parte deste grupo ou se chegou à Europa de outra forma. Foi internado no campo de prisioneiros Marlag and Milag Nord, a norte de Bremen, um campo desenhado para alojar tripulantes de navios mercantes, com o número 435.

Ficou aprisionado até fevereiro de 1944, altura em que a intervenção do governo português, foi libertado e enviado de comboio para Lisboa. Florêncio foi libertado com  outros quatro portugueses. Chegou a Lisboa a 20 do mês, acompanhado dos marítimos  Manuel Lopes Brioso, João da Cruz e Venâncio de Almeida. Um dia antes tinha chegado também Manuel António Carlos que se tinha perdido do resto do grupo na fronteira franco-espanhola, apanhando mais cedo um comboio para a capital portuguesa.

Nota: Este artigo foi corrigido no dia 5 de fevereiro de 2022. Por erro tinha atribuído ao marítimo o navio grego Antonis. Agradeço ao nosso leitor Paulo Lucas a chamada de atenção para este erro.

Carlos Guerreiro